Ano novo…

Encerra-se mais um ano em sua vida…
Quando este ano começou ele era todo seu.
Foi colocado em suas mãos…
Podia fazer dele o que quisesse…
Era como um livro em branco, e nele você podia ter um poema, um pesadelo, uma blasfêmia, uma oração.

Podia…

Hoje não pode mais, já não é seu.
É um livro já escrito…
Concluído…
Como um livro que tivesse sido escrito por você, ele um dia lhe será lido, com todos os detalhes, e não poderá corrigi-lo.
Estará fora de seu alcance.

Portanto…
Antes que termine ente ano, reflita, toma seu velho livro e folheie com cuidado…
Deixe passar cada uma das paginas pelas mãos e pela consciência;
Faça o exercício de ler a você mesmo.

Leia tudo…
Aprecie aquelas paginas de sua vida em que usou seu melhor estilo.
Leia também as paginas que gostaria de nunca ter escrito.

Não…
Não tentes arrancá-las.
Seria inútil…
Já estão escritas.
Mas você pode lê-las enquanto escreve o novo livro que será entregue.
Assim, poderá repetir as boas coisas que escreveu, e evitar repetir as ruins.
Para escrever o seu novo livro, você contara novamente com o instrumento do livre arbítrio, e terá, para preencher, toda a imensa superfície do seu mundo.

Se tiver vontade de beijar seu velho livro, beije.
Se tiver vontade de chorar, chore sobre ele e, a seguir, coloque-o nas mãos do criador.
Não importa como esteja…
Ainda que tenha paginas negras, entregue e diga apenas duas palavras: Obrigado e Perdão!!!

E, quando o novo ano chegar, lhe será entregue outro livro, novo, limpo, branco, todo seu, no qual ira escrever o que desejar…

Feliz Livro Novo!

Hora da Virada

Outro dia, num desses dias de prêmio gordo da Mega Sena, Guilérme, meu amigo de trabalho, soltou a pérola de que ‘aquela quantia dava pelo menos para tirar uns três dedos do cu’…

Fico pensando o que ele tiraria se ganhasse o prêmio de 140 milhões….

Diário de Bordo: Reveillón em Boiçucanga

Saímos novamente a caça de lugares novos para conhecer e demos de cara com a placa “Praia Brava”, entramos e na entrada da trilha, um monitor:
“A Trilha da Praia Brava faz parte de uma área sob proteção especial entre Maresias e Boiçucanga, onde a Serra do Juqueriquerê forma uma ponta que avança no mar, constituindo um importante corredor biológico.
Os ecossistemas variam, incluindo praia com mar fortemente ondulado, costões rochosos com vegetação adaptada a ventos fortes e alta salinidade, mata de encosta e de restinga. Pode se observar grande variedade de espécies de fauna e flora. Atrativos: banho de mar, cachoeira, surf, vista panorâmica, observação de mata de encosta e restinga.”

Nós: “Ok! Como é a trilha?”

Ele: “Trilha larga e de fácil acesso. Envolve subida íngreme. A única opção para percorrer a trilha é a pé. Única opção para percorrer a trilha: a pé e a caminhad dura 2 horas. ”

Nós: OI??????????????????? TCHAU!

Posso ter perdido a vista mais linda do mundo, mas nem por um balde de caralinhos amestrados eu saio da minha casa para fazer uma trilha de duas horas!

E, graças ao São Google, o Oráculo, pra não ficar na vontade:

FELIZ NATAL!

Para os inimigos, perdão. Para um oponente, tolerância. Para um amigo, seu coração. Para um cliente, serviço. Para tudo, caridade. Para toda criança, um bom exemplo. Para você, respeito.

Eu te desejo um Natal diferente.
Que os abraços apertados não sejam questão de data,
mas de sinceridade e de transparente amor.
Que os presentes dados e recebidos
não contenham obrigação, mas leveza de coração.
Que as bênçãos da meia- noite não dependam de 1 minuto, mas que venham para a vida toda.
Que a ceia não seja só de alimentos com bom tempero,
mas que tenha muitas pitadas de bons pensamentos.
Que a família, por maior ou menor que seja,
não apenas celebre a data com os melhores vinhos,
mas que celebre também os sagrados laços de sangue.
Que a árvore não esteja predestinada a ser
lançada ao lixo após as Festas, mas que seja tão
bem conservada quanto as mais verdes esperanças.
Que o presépio não só represente o nascimento
de Jesus, mas também o renascimento da criança
amorosa e inocente que ainda vive em ti.
Eu te desejo um Natal diferente,
e esse desejo vai a ti como um presente.
FELIZ NATAL!

Exê Uêpe Babá, Oxalá!

Natal é o nascimento de Jesus…. Aliás, não nos esqueçamos disso. A meia noite de hoje, eleve seus pensamentos a Ele, faça uma oração, cante um parabéns e agradeça por estar desse lado de cá, do lado de cima da terra. Só isso.

Em 25 de dezembro comemoramos o dia de Oxalá, sincretizado como Jesus Cristo. Sua imagem é figura obrigatoriamente em lugar de honra em todos os Centros, Terreiros ou Tendas de Umbanda, em local elevado, geralmente destacada com iluminação intencionalmente preparada, de modo a conformar uma espécie de aura de luz difusa à sua volta. Homenageia-se Oxalá na representação daquele que foi o “filho dileto de Deus entre os homens”; entretanto, permanece, no íntimo desse sincretismo, a herança da tradição africana: “Jesus foi um enviado; foi carne, nasceu, viveu e morreu entre os homens”; Oxalá coexistiu com a formação do mundo; Oxalá já era antes de que Jesus o fosse.

Oxalá, assim como Jesus, proporciona aos filhos a melhor forma de praticar a caridade, isto é, dando com a direita para, com a esquerda, receberem na eternidade e assim poderem trilhar o caminho da luz que os conduzirá ao seu Divino Mestre. Ainda falando em cinscretismo, oxalá é conhecido também como ‘Nosso Senhor do Bonfim’.

Carta ao Papai Noel

Hey, bom velinho. Como vai?

Putz, esse ano passou rápido. Ainda me lembro de como me sentia quando escrevi a carta do ano passado. Era tanta felicidade que eu temia acordar!

Eu não gosto de pedir… sempre que converso com aquele outro cara de barba, eu só agradeço. Primeiro porque eu sei que vocês aí conhecem necessidades minhas que até mesmo eu desconheço… então, para que ficar pedindo? Segundo porque eu sei que aquilo que é de meu merecimento virá, na hora certa.

E é por isso que a única coisa que eu tenho a pedir é: me ajude a caminhar na trilha certa, para que eu mereça!

Agradeço por estar mais um ano ao lado da vó que me levanta da cama antes das sete num sábado… sei que ela só faz isso porque sente saudades de mim durante a semana. Agradeço o avô que assalta a geladeira de madrugada e mata a gente de preocupação porque sei que a única coisa que ele quer é chamar nossa atenção. Agradeço o fato de meu pai me perguntar toda semana se marcamos a data do casamento, porque sei que ele quer se programar para estar presente. Agradeço a mãe que me ama mais do que tudo no mundo e que me fez exatamente como ela, por isso batemos tanto de frente. Agradeço até as mordidas no pé que o Teco me dá quando chego do trabalho. É a forma que ele tem de me mostrar o amor incondicional sente por mim.

Agradeço por estarmos todos juntos, mais um ano. E ainda bem que a gente (e a vizinhaça) sabe que quando estamos berrando uns com os outros, ‘estamos só conversando’.

Obrigada por tudo o que passei de dificuldades no trabalho esse ano. Obrigada por ter ‘sobrevivido ao temporal’, obrigada por saber que pessoas confiaram em mim. Obrigada por afastar qualquer má intenção de nosso caminho. Obrigada pelo reconhecimento. E mesmo que não tivesse nada disso: obrigada pelo meu trabalho. Ainda falando em trabalho, por mais que eu tenha reclamado, obrigada pelo Lorinho nem ter tido tempo pra mim direito. É o preço de sermos donos de nosso próprio negócio.

Aliás, falando nele… obrigada! Obrigada por ele estar ao meu lado mais um ano e obrigada por me dar a certeza de que isso será para toda a vida. Obrigada por ele me ensinar todo dia o que é respieto, cumplicidade e companheirismo. E amor!

Obrigada pelas amizades que conquistei, obrigada pelas amizades que mantive.. obrigada pelas amizades que se foram e por aquelas que se foram mas ainda estão aqui.

Obrigada, Papai Noel. Pelas coisas materiais que consegui neste ano.
Obrigada pelo crescimento espiritual que é visível (e invisível, rs).

Obrigada pela dor, pelo carinho
Obrigada pelo amor, pelo caminho
Obrigada pela luz, pela saúde
Obrigada pela mente, pelo coração
Obrigada pelo sonho e a realização
Obrigada pelo lado esquerdo e o direito
Obrigada pela qualidade e o defeito
Obrigada pelo som, pelo silêncio

Obrigada um milhão de vezes.
Obrigada por ter tão pouco a pedir e tanto a agradecer.

Feliz Natal e um bom trabalho!

The summer is tragic!

Chegou o verão. E com ele também chegam os pedágios, os congestionamentos na estrada, os bichos geográficos no pé e a empregada cobrando hora-extra.

Verão tambem é sinônimo de pouca roupa e muito chifre, pouca cintura e muita gordura, pouco trabalho e muita micose.

Verão é picolé de Ki-suco no palito reciclado, é milho cozido na água da torneira, é coco verde aberto pra comer a gosminha branca.

Verão é prisão de ventre de uma semana e pé inchado que não entra no tênis. Mas o principal, o ponto alto do verão é… a praia!!

Ah, como é bela a praia!

Os cachorros fazem cocô e as crianças pegam pra fazer coleção.

Os casais jogam frescobol e acertam a bolinha na cabeça das véias.

Os jovens de jet ski atropelam os surfistas, que por sua vez, miram a prancha pra abrir a cabeça dos banhistas.

O verão é Brasil, é selva, é carnaval, é tribo de índio canibal.

Todo mundo nu de pele vermelha. As mulheres de tanga, os homens de calção tão justo que dá até pra ver o
veneno da flecha, e todo mundo se comendo cru.

O melhor programa pra quem vai à praia é chegar bem cedo, antes do sorveteiro, quando o sol ainda está fraco e as famílias estão chegando. É muito bonito ver aquelas pessoas carregando vinte cadeiras, três geladeiras de isopor, cinco guarda-sóis, raquete, frango, farofa, toalha, bola, balde, chapéu e prancha, acreditando que estão de férias.

Em menos de cinqüenta minutos, todos já estão instalados, besuntados e prontos pra enterrar a avó na areia.

E as crianças? Ah, que gracinha! Os bebês chorando de desidratação, as crianças pequenas se socando por uma conchinha do mar, os adolescentes ouvindo walkman enquanto dormem.

As mulheres também têm muita diversão na praia, como buscar o filho afogado e caminhar vinte quilômetros pra encontrar o
outro pé do chinelo.

Já os homens ficam com as tarefas mais chatas, como perfurar um poço pra fincar o cabo do guarda-sol. É mais fácil achar petróleo do que conseguir fazer o guarda-sol ficar em pé.

Mas tudo isso não conta, diante da alegria, da felicidade, da maravilha que é entrar no mar! Aquela água tão cristalina, que dá pra ver os cardumes de latinha de cerveja no fundo. Aquela sensação de boiar na salmoura como um pepino em conserva.

Depois de um belo banho de mar, com o rego cheio de sal e a periquita cheia de areia, vem aquela vontade de fritar na chapa.

A gente abre a esteira velha, com cheiro de velório de bode, bota o chapéu, os óculos escuros e puxa um ronco bacaninha.

Isso é paz, isso é amor, isso é o absurdo do calor.

Mas, claro, tudo tem seu lado bom. E à noite o sol vai embora. Todo mundo volta pra casa, toma banho e deixa o sabonete cheio de areia pro próximo. O xampu acaba e a gente acaba lavando a cabeça com qualquer coisa, desde o creme de barbear até desinfetante de privada. As toalhas, com aquele cheirinho de mofo que só a casa de praia oferece.Aí, uma bela macarronada pra entupir o bucho e uma dormidinha na rede pra adquirir um bom torcicolo.

O dia termina com uma boa rodada de tranca e uma briga em família. Todo mundo vai dormir bêbado e emburrado, babando na fronha e torcendo, pra que na manhã seguinte, faça aquele sol e todo mundo possa se encontrar no mesmo inferno tropical.

The summer is tragic!

TEXTO PUBLICADO NO PRIMEIRO NÚMERO DA REVISTA “JOVEM PAN”, ESCRITO POR ROSANA HERMANN